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Adora vinho, mas não conhece nada? Veja dicas para não passar vergonha com os amigos

Luciana Mastrorosa

13/05/2017 04h00

Vai chegando o frio e a vontade de tomar vinho aumenta. Se você adora essa bebida, mas não sabe nada do assunto, pode pintar aquela dúvida na hora de comprar uma garrafa. E sempre tem aquele amigo que convida para um jantar de última hora e adora exibir as coleções de taças, a adega perfeita… Para ajudar você nessa tarefa, conversei com o sommelier Massimo Leoncini, da importadora Grand Cru, de São Paulo, em busca daquelas dicas infalíveis para fazer boas compras – e não passar vergonha com o amigo enófilo:

Para cada vinho, uma temperatura
Vinho tinto se serve à temperatura ambiente, correto? Não necessariamente. Cada vinho tem sua temperatura adequada de serviço, e isso vale para todos os tipos, inclusive os tintos. Até porque, no Brasil, a temperatura ambiente pode ser bem elevada, o que pode deixar o vinho meio morno. Para brancos, o sommelier indica servir entre 8 e 12°C. Os rosés ficam melhores em temperaturas ainda mais baixas, de 8 a 10°C. Os tintos (surpresa!) devem ser servidos entre 16 e 18°C, ou seja, vale dar uma resfriada na geladeira antes de encher as taças. Leoncini dá uma dica extra: quanto mais complexos forem os vinhos, menos precisa baixar as temperaturas. Se forem muito baixas, podem esconder os aromas e sabores da bebida.

Vinho velho é melhor?
A idade do vinho é outro assunto que traz polêmica. Muitas pessoas ainda acham que, quanto mais velho for o vinho, melhor ele é. Mas isso depende muito do produto, ou seja, nem todo vinho é produzido para longa guarda. A maioria nasce para ser consumido jovem, enquanto outros são produzidos especificamente para guardar e envelhecer na garrafa. Isso vai depender muito da qualidade das uvas e do ambiente em que a bebida é produzida, o famoso terroir. Por isso, se você ganha um vinho jovem que já está pronto para beber, não o deixe guardado no armário – isso pode comprometer sua qualidade. Quer um exemplo? Um vinho para ser bebido jovem é aquele que você compra no mercado. Já os vinhos de guarda são os grandes Bordeaux franceses, que só melhoram com o tempo.

O famoso "terroir"
Todo adorador de vinho ama falar em terroir (e todo mundo fica com dúvida, mas tem vergonha de perguntar). Esse conceito, emprestado do francês, refere-se a um conjunto de características geográficas, climáticas e culturais de uma região produtora qualquer. O terroir, portanto, interfere diretamente na qualidade e nas características finais da bebida. Assim, um espumante produzido no Rio Grande do Sul, por exemplo, terá aromas e sabores diferentes de um espumante francês. Da mesma forma, uma bebida elaborada com a uva Pinot Noir, no Chile, será completamente diferente de um vinho feito com a mesma uva, mas na Borgonha francesa.

Velho Mundo, Novo Mundo, o que é isso?
Existem duas grandes categorias de vinhos: os do Velho Mundo (Europa e Oriente Médio) e os do Novo Mundo (América, África e Oceania). E há diferenças importantes na rotulagem dessas bebidas. Assim, os do Velho Mundo são classificados de acordo com a região ou a denominação de origem estampadas em seus rótulos. Por exemplo, temos aqui os vinhos do Douro, em Portugal, de Borgonha, na França, etc.  Já os vinhos do Novo Mundo são definidos de acordo com a uva ou o corte. Assim, na hora da compra, você pode comprar um Malbec argentino, um Cabernet Sauvignon chileno e por aí vai.

Rolha de cortiça ou de rosca?
A rolha é peça fundamental na preservação dos vinhos. Tradicionalmente feita de cortiça, hoje em dia pode ser elaborada também com materiais sintéticos ou vidro. Outra alternativa são as de rosca, feitas de alumínio. A de cortiça é melhor? Depende da finalidade. Certamente, elas ainda são as mais indicadas para vinhos aptos ao envelhecimento (tanto jovens quanto os de guarda), que precisam de uma micro oxigenação. Já a tampa de rosca, conhecida como screwcap, é muito útil para vinhos jovens, daqueles prontos para o consumo, pois ajuda a preservar aromas e sabores típicos de um vinho novo. O mesmo se aplica às rolhas sintéticas e de vidro.

Vinho rosé não é mistura!
Não, rosé não é vinho tinto misturado com branco, como muita gente ainda imagina. É, na verdade, um vinho elaborado com uvas tintas, mas produzido especificamente para ser rosado (são as cascas da uva que conferem cor ao vinho). Sua coloração é natural e pode apresentar diversos tons, dos mais claros, cor de casca de cebola, até os mais escuros e vivos, com um vermelho bonito que lembra suco de morango. Os mais claros em geral são leves e delicados e ficam uma delícia bem fresquinhos, de preferência à beira da piscina. Se preferir algo mais encorpado, prefira os de cores mais intensas.

Sobre a Autora

Luciana Mastrorosa é apaixonada por escrever, cozinhar e comer. Jornalista especializada em gastronomia e pesquisadora da área de alimentação, passou pelos principais veículos do país. Formada no Le Cordon Bleu Paris e Université de Reims Champagne-Ardenne, atualmente cursa o Mestrado em Nutrição Humana Aplicada, na Universidade de São Paulo. É autora do livro Pingado e Pão na Chapa - Histórias e Receitas de Café da Manhã (editora Memória Visual) e do e-book "Natal Feliz - 30 Receitas Incríveis para a Sua Ceia".

Sobre o Blog

Menu do Dia é o blog de culinária, receitas, gastronomia e nutrição, da jornalista e pesquisadora Luciana Mastrorosa. Aqui, você vai encontrar notícias, reflexões, receitas, degustações e muito mais sobre uma das melhores coisas da vida: comer.