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Aniversário de São Paulo: comidinhas imperdíveis fora dos bairros badalados

Luciana Mastrorosa

25/01/2018 08h00

A paella tradicional do Paellas Pepe, no Ipiranga (foto: divulgação)

São Paulo (e grande São Paulo) abriga cerca de 20 mil restaurantes de 52 tipos de cozinhas, além de 30 mil bares e 7.500 pizzarias, segundo dados da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes). Haja comida! Com essa variedade imensa, e tantos tipos diferentes de pratos, por que a gente acaba sempre indo aos mesmos lugares? Ou pior: por que ficamos sempre atrás dos lugares da moda e esquecemos que há joias escondidas pela cidade?

Quem me acompanha nas redes sociais sabe que eu mudei de bairro. Saí de Pinheiros, aquele lugar onde tudo acontece, com clima de festa todo dia, para o Ipiranga, onde ainda tem casas, jardins, plantas na rua e… algum sossego a mais. Nos primeiros dias, estranhei tudo, mas fiz o que costumo fazer quando estou em local desconhecido: explorar. E foi dessas caminhadas iniciais pelo bairro que nasceu a ideia para este texto, porque, tendo saído do circuito Pinheiros-Vila Madalena-Jardins, me animei a descobrir coisas deliciosas para comer por aqui também. E tem várias, viu? Merece um post só para isso.

Para celebrar o aniversário de São Paulo, esta cidade que amamos apesar de tudo, fiz uma pequena seleção de lugares gostosos que conheço e que estão fora do circuito tradicional da ferveção. Um deles, claro, está no meu já querido Ipiranga, mas destaquei outros bairros também. Espero que você goste (e me conte qual é a joia gastronômica escondida na sua região):

E uma paella também na versão vegetariana, no Paellas Pepe (foto: divulgação)

Paellas Pepe, típica comida espanhola, no Ipiranga
Uma casinha aparentemente pequena, numa rua próxima ao Museu de Zoologia da USP, no Ipiranga, zona sul, esconde um longo quintal e um amplo salão na parte de trás do imóvel. É ali que funciona o Paellas Pepe, que serve, há 18 anos, a famosa paella, prato típico da Espanha, rico em arroz, frutos do mar e açafrão. No princípio, a família do espanhol José Gutierrez Espin – conhecido como Pepe – abria as portas de sua casa para servir a paella por encomenda. Mas, de alguns anos para cá, a casa se tornou um restaurante de verdade, e as paellas continuam sendo preparadas e servidas na hora, em grandes panelas que vêm direto da Espanha.

Presunto Pata Negra e queijo manchego, uma das entradas deliciosas da Paellas Pepe (foto: arquivo pessoal)

De terça a quinta-feira, a casa serve apenas o jantar, das 19h30 às 23h30. Às sextas, serve almoço e jantar e, aos domingos, apenas almoço. Sempre há promoções interessantes, especialmente para quem vai com a família. O interessante é que a paella mais tradicional da casa – que leva frango, arroz, legumes e muitos frutos do mar (vôngole, mexilhão, camarão, lula e lagostim) tem preço fixo por pessoa e o mais legal de tudo: é servida à vontade. Além disso, o cardápio também tem diversas opções à la carte, que vão do tradicional (e delicioso) presunto Pata Negra até outras versões da paella, como a de la huerta, que é vegetariana. Para beber, a dica é pedir uma sangria, que rende muito e pode ser dividida entre uma turma grande. E, de sobremesa (se ainda tiver espaço na barriga depois de tanto camarão), peça churros com sorvete e doce de leite e um café para arrematar.

Paellas Pepe: Rua Bom Pastor, 1660, Ipiranga

As tradicionais esfihas da Casa Garabed, em Santana
Na zona norte de São Paulo, no bairro de Santana, a Casa Garabed serve esfihas impecáveis e pratos da pouco conhecida culinária armênia executados com maestria. O ambiente é simples e você quase que passa batido quando vai da primeira vez, pois não tem nada de chamativo. Mas as esfihas são realmente excelentes e valem atravessar a cidade para prová-las, se você não for da região. Experimente a de bastermá, uma carne curada típica da Armênia, mas não dispense os sabores tradicionais. Além das esfihas abertas e fechadas, assadas no forno a lenha, há também quibes bem sequinhos e fartos, pratos quentes como abobrinha recheada e kafta, e doces deliciosos (o halawi, de gergelim, é sempre uma boa pedida). O horário da casa é peculiar: abre de quarta à domingo, das 12h às 21h.

Casa Garabed Esfihas Especiais: Rua José Margarido, 216, Santana

Coxinha do Frangó, na Freguesia do Ó, ou do Veloso, na Vila Mariana?
Quem resiste a uma coxinha? Para mim, as duas melhores da cidade (nunca consigo decidir qual prefiro) ficam em pontos bem distintos. A primeira delas é a do Frangó, que funciona na Freguesia do Ó, zona noroeste de São Paulo, desde 1987. Bem crocante e dourada por fora, com uma pontinha de requeijão no recheio para trazer cremosidade, é uma coxinha impecável e que consegue manter sempre o mesmo padrão. Juro que consigo comer uma porção sozinha, ainda mais se for acompanhada das belas cervejas da casa (a carta deles é imensa, já foi premiada várias vezes pela qualidade e diversidade de cervejas que oferece). Do outro lado da capital paulista, na Vila Mariana, zona sul, está o Veloso Bar, com sua coxinha deliciosamente cremosa. O ponto alto dela é que a massa se confunde com o recheio e tudo vira um petisco que a gente não cansa de comer, especialmente com as caipirinhas de lá. As duas casas lotam e valem muito uma visita – vá sempre pressa e de táxi, pois a chance de pegar fila é grande, principalmente no Veloso, que tem menos mesas. O Frangó fecha às segundas e abre às 11h nos demais dias, fechando à meia-noite de terça a quinta, às duas de sextas e sábados e às 19h aos domingos. O Veloso abre de terça a sexta das 17h30 à meia-noite e meia, aos sábados das 12h30 à meia-noite e meia, e aos domingos das 16h às 22h30.

Frangó: Largo da Matriz Nossa Senhora do Ó, 168, Freguesia do Ó

Veloso: Rua Conceição Veloso, 54, Vila Mariana

Churros à moda espanhola, na Casa do Churro, no Tatuapé (foto: arquivo pessoal)

E para a sobremesa… A Casa do Churro, no Tatuapé
A Casa do Churro é uma dica para quem AMA churros, mas ama mesmo, ama muito. Porque a porção é generosa! A matriz foi fundada em 2001, no Tatuapé, com uma filial aberta em 2011, na Mooca. Mas, bem antes disso, a família Farre, que chegou ao Brasil em 1954, vinda da Espanha, já começava sua saga com os churros por aqui. Vendiam o churro em roda, como se faz na Espanha, em 1956 e, logo em seguida, inventaram a maçã do amor (plaquinha na parede mostra a patente e tudo!). Hoje, a Casa do Churro é o lugar para provar tanto a versão em roda (três metros de doce, servidos numa caixa de pizza) quanto o clássico que a gente conhece, massa doce e crocante em forma de canudo, frita e polvilhada de açúcar e canela, recheada de doce de leite. A roda de churros é tamanho família, boa para dividir com bastante gente. Pode vir pura ou coberta com recheios doces e até salgados. O churro individual é bem grande e com bastante recheio – tem até de goiabada e beijinho, mas meu favorito continua sendo o de doce de leite. A Casa do Churro é um local simples, com cara de comércio de antigamente, com atendimento cordial e produtos sempre fresquinhos. Só falta mesmo um detalhe: um cafezinho espresso bem tirado para acompanhar essa maravilha de doce.

A Casa do Churro: Rua Rodrigues Barbosa, 232, Água Rasa (matriz Tatuapé)

E aí, como você vai comemorar o aniversário de São Paulo? Me acha e me conta: Facebook e Instagram.

Sobre a Autora

Luciana Mastrorosa é apaixonada por escrever, cozinhar e comer. Jornalista especializada em gastronomia e pesquisadora da área de alimentação, passou pelos principais veículos do país. Formada no Le Cordon Bleu Paris e Université de Reims Champagne-Ardenne, atualmente cursa o Mestrado em Nutrição Humana Aplicada, na Universidade de São Paulo. É autora do livro Pingado e Pão na Chapa - Histórias e Receitas de Café da Manhã (editora Memória Visual) e do e-book "Natal Feliz - 30 Receitas Incríveis para a Sua Ceia".

Sobre o Blog

Menu do Dia é o blog de culinária, receitas, gastronomia e nutrição, da jornalista e pesquisadora Luciana Mastrorosa. Aqui, você vai encontrar notícias, reflexões, receitas, degustações e muito mais sobre uma das melhores coisas da vida: comer.