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Está pensando em virar vegano? Comece por estas 5 dicas da Alana Rox

Luciana Mastrorosa

24/05/2018 08h00

Crédito: iStock

Desde que comecei a escrever o Menu do Dia, já falei algumas vezes por aqui sobre os benefícios de uma alimentação baseada em vegetais e até me desafiei a passar uma semana vegana. Por isso, muita gente acha que adotei esse estilo de alimentação e sempre me perguntam por onde começar e o que fazer. Eu não virei vegana, mas sou muito fã dos vegetais. Então, se você pensa em adotar o veganismo, vale ler essas cinco dicas que a expert no assunto, Alana Rox, dividiu comigo.

Alana é cantora e trabalhava com música, mas virou uma grande incentivadora do movimento vegano, principalmente após o sucesso de seu programa de televisão Diário de Uma Vegana, no canal GNT, e do lançamento de seu primeiro livro, também chamado "Diário de Uma Vegana", pela editora Globo.

Alana me contou que foi vegetariana desde muito criança e, mais tarde, adotou o veganismo por uma questão de saúde quando mudou para São Paulo, 15 anos atrás. Ela desenvolveu síndrome do pânico, vivia doente e achou que fazer essa mudança na alimentação a ajudaria no processo de cura. "De lá para cá, tudo melhorou e eu nunca fico doente, não tenho uma gripe", diz ela. Até a maquiagem que usa hoje em dia é vegana e, inclusive, ela mesma faz alguns produtos de beleza, como o desodorante à base de óleo de coco e bicarbonato, receita que ensina também no seu livro.

Atualmente, Alana é uma das vozes mais engajadas nesse assunto, com uma presença virtual importante, onde divide informações variadas com seu público – de pratos fáceis e baratos para fazer em casa, até sugestões de documentários e livros para quem está começando a mudar a alimentação, como o documentário "What the health" (disponível na Netflix). Na nossa conversa, compilamos cinco dicas que podem ser bastante úteis para quem quer abandonar as carnes, leites, ovos e demais produtos animais e abraçar de vez a causa vegetal.

Ela ainda conta uma novidade para seus fãs: em julho, deve abrir seu primeiro empreendimento no ramo da restauração, o Purana. Será um mix de restaurante e café em Pinheiros, São Paulo, que servirá comidinhas o dia todo, do café da manhã ao jantar – obviamente, o cardápio inteiro será vegano. Também haverá espaço para cursos, palestras e uma horta orgânica, entre outros pontos que prezam pela difusão de conhecimento e sustentabilidade. "A ideia não é rotular, mas mostrar a todos como essa comida pode ser boa e, principalmente, curativa para nós e o planeta", afirma.

Vamos lá? Conheça 5 dicas da Alana para começar no veganismo:

  1. Saiba por que você quer se tornar vegano
    A primeira coisa importante a saber é o motivo pelo qual você está querendo abdicar da carne. Para Alana, que já era vegetariana, a decisão veio primeiro por questões de saúde, quando ela se mudou para São Paulo. Só depois é que vieram as causas em prol dos animais e também da sustentabilidade, que hoje são bastante definidoras para que ela se mantenha firme e forte nesse estilo de vida.
  2. Aprenda a se alimentar com inteligência
    Como Alana destaca, é possível ser vegano e se alimentar muito mal, o que pode levar a carências nutricionais. Então, depois de saber o motivo que o levou a querer seguir o veganismo, é fundamental procurar um profissional de saúde que possa orientá-lo nessa escolha para garantir todos os nutrientes de que você precisa, sem abrir mão de se alimentar bem. "E não vale escolher qualquer um, tem de ser um profissional que realmente entenda do assunto, para montar as orientações de acordo com o que você precise", diz Alana. Esse profissional também deve pedir exames de sangue para saber como estão os níveis de B12, fundamental para a saúde e que muitas vezes necessita de suplementação para os veganos. Além disso, ela sugere muita leitura e estudo, para entender melhor o que implica viver sem carne e sem consumo de qualquer produto de origem animal. Em seu site pessoal tem bastantes dicas também para começar a estudar e a cozinhar comida vegana.
  3. Programe seu dia para preparar sua própria comida
    Se você quer ser vegano e ter saúde, não tem jeito: vai ter que começar a preparar sua própria comida. E isso não é algo ruim, pelo contrário! É ótimo, pois você saberá dosar melhor os alimentos de que necessita e não passará dificuldades se tiver de comer na rua. Como destaquei no post da minha semana vegana, nem sempre foi fácil encontrar opções veganas gostosas, saudáveis e acessíveis na alimentação fora de casa. Por isso, Alana recomenda sempre levar sua marmita de casa, até mesmo em viagens de avião. "Tenha sempre frutas, castanhas, alguma comidinha na bolsa para seu lanche na rua. Em hotéis, acostume-se a pedir opções veganas, isso também incentiva os estabelecimentos a despertarem para isso", recomenda Alana. Sempre que vai a um café, ela pede um cappuccino ou café com leite vegetal, até para estimular a demanda. "Eu nem tomava café, comecei a pedir por causa disso, e hoje já tem vários lugares com opções excelentes", afirma. Se você quiser começar a preparar seus leites vegetais, veja aqui as receitas que já compartilhei (dá para encontrar até queijos e outros laticínios sem leite, feitos de coco, castanha de caju, amêndoas, etc).
  4. Faça uma lista de compras e use-a sempre
    Uma das preocupações dos veganos é obter a quantidade de proteínas diárias que, antes, eram fornecidas principalmente pelas carnes, ovos, leite e seus derivados. Então, planejar sua alimentação da semana, incluindo aqueles ingredientes que você sabe que não podem faltar, é uma mão na roda. Feijões, grão-de-bico, soja, amêndoas, castanhas e tofu são boas fontes proteicas e podem ser usados em diversas receitas diferentes. No livro da Alana, uma das receitas mais gostosas é o tofu mexido, ligeiramente aquecido e temperado com tomatinhos, cúrcuma e ervas. Lembra o ovo mexido e é rico em proteínas, uma sugestão muito saborosas para comer com pão de manhã. Além disso, Alana destaca que a alimentação vegana pode, sim, ser barata e acessível. Para isso, vale fazer compras a granel, visitar a hora da "xepa" na feira e, se possível, comprar de pequenos produtores orgânicos. O aproveitamento total de alimentos – dá para fazer leite até com sementes de melão! – é totalmente apoiado por ela, que não perde nada dos ingredientes.
  5. Não se importe com a crítica alheia
    Aqui, a dica é mais no sentido mais psicológico do que gastronômico. "Quando você muda seu estilo de vida, é natural as pessoas acharem que você vai passar fome. Por isso, tenha sempre em mente o motivo que o levou ao veganismo e por que isso é importante para você, e transmita isso aos seus amigos e familiares", sugere Alana. Ela conta que hoje até se acostumou com abordagens do tipo "mas você não come nada de carne, mesmo? Nem peixe?" Procura responder sempre com paciência, mesmo que já tenha dito mil vezes a mesma coisa. "Faz parte da rotina explicar os motivos e mostrar para as pessoas que isso é mais do que um estilo de vida", diz. "Eu considero o veganismo a causa de todas as causas, por isso não me importo de mostrar o que como ou explicar meus motivos". Uma das formas mais gostosas de mostrar para os críticos que você não irá passar fome é apresentar a eles as comidinhas deliciosas que fazem parte da sua nova dieta. Por isso, de bônus, deixo aqui uma receita que adoro do livro da Alana. Essa eu já fiz em casa várias vezes, é minha receita coringa para quando tenho batata-doce cozida na geladeira, inhame, mandioquinha… Funciona bem tanto no café da manhã quanto no lanche da tarde (ou até para acompanhar uma sopa, um ensopado, algo que tenha caldo). As crianças adoram! E você pode variar os temperos a seu gosto:

Pãozinho do amor de batata-doce

(do livro Diário de Uma Vegana, da Alana Rox)

Ingredientes:

  • 1 xícara (chá) de batata-doce cozida e amassada
  • 2 colheres (sopa) de polvilho doce
  • 1 colher (sopa) de polvilho azedo
  • 1 colher (sopa) de sementes de chia
  • 1 colher (sopa) de amaranto em flocos
  • 1 colher (chá) de sal rosa (eu uso menos, então pode adaptar ao seu gosto)
  • 1 colher (sopa) de azeite de oliva
  • 1 colher (chá) de cúrcuma em pó
  • 1 pitada de pimenta-do-reino moída
  • Orégano a gosto

Modo de preparo:

Coloque a batata-doce em uma tigela, adicione os outros ingredientes e misture com as mãos. Continue misturando até obter a consistência de massinha de modelar. Deve ficar bem gostosa de trabalhar, sem estar pegajosa, nem esfarelar. Se esfarelar, adicione um pouquinho de água. Preaqueça o forno a 200ºC. Molde em bolotas tamanho coquetel e leve ao forno em assadeira antiaderente por cerca de 30 minutos.

Se preferir, pode congelar as bolinhas e, na hora de comer, é só assar direto, do freezer para o forno. Alana costuma deixar a batata-doce de molho por 8 horas antes de cozinhar.

E você, já pensou em virar vegano? Ou já segue esse tipo de alimentação e estilo de vida? Conte tudo! Estou no Facebook e também no Instagram.

Sobre a Autora

Luciana Mastrorosa é apaixonada por escrever, cozinhar e comer. Jornalista especializada em gastronomia e pesquisadora da área de alimentação, passou pelos principais veículos do país. Formada no Le Cordon Bleu Paris e Université de Reims Champagne-Ardenne, atualmente cursa o Mestrado em Nutrição Humana Aplicada, na Universidade de São Paulo. É autora do livro Pingado e Pão na Chapa - Histórias e Receitas de Café da Manhã (editora Memória Visual) e do e-book "Natal Feliz - 30 Receitas Incríveis para a Sua Ceia".

Sobre o Blog

Menu do Dia é o blog de culinária, receitas, gastronomia e nutrição, da jornalista e pesquisadora Luciana Mastrorosa. Aqui, você vai encontrar notícias, reflexões, receitas, degustações e muito mais sobre uma das melhores coisas da vida: comer.