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Aprenda a preparar um delicioso chips de jiló que não fica amargo e vai muito bem com cerveja

Luciana Mastrorosa

06/06/2017 04h00

Jiló e outras comidas amargas fazem parte daquela categoria de alimentos "de gosto adquirido". Ninguém em sã consciência pode realmente apreciar jiló, fígado, guariroba e outras amarguices, certo? Errado. Com o preparo certo, elas ficam, sim, deliciosas. E nem precisa ter crescido com a mãe resmungando "come também o jiló, menina!" para achar bom.

Foi exatamente esse o meu pensamento ao conhecer o Jiló do Periquito, boteco estilo carioca nos Jardins, em São Paulo. Desde o final de março, a casa (que antes era a filial paulista do Aconchego Carioca) atende com nome novo e cardápio reformulado. Da sociedade antiga, restou a dupla de sócios Edu Passarelli e André Clemente, que idealizaram cada detalhe do novo espaço. O que chama a atenção, além do nome exótico, é o cardápio: o fruto que dá nome a ele tem espaço cativo no menu. E, para surpresa geral, o jiló de lá não só é gostoso como combina demais com cerveja.

Parente da berinjela, mas bem mais amargo
O jiló (Solanum aethiopicum) é um fruto parente da berinjela. É redondinho, menor que uma laranja e tem a polpa clara e cheia de sementinhas. No sabor, realmente o amargo chama a atenção e, dependendo da forma de preparo, muitos o consideram intragável. Com a técnica correta, porém, o amargor fica em segundo plano, e sua carne macia chega a ficar quase doce.

Frito, refogado, aperitivo
No Jiló do Periquito, os chips empanados e fritos fazem sucesso. Crocantes por fora e macias por dentro, as rodelinhas caem bem com chope gelado ou cerveja. Além de servido como petisco, os chips também entram na salada, ao lado de mix de folhas, tomatinhos, ovo de codorna, cebola roxa marinada e croutons e como uma das guarnições do picadinho. Por lá, o jiló é o protagonista do petisco que dá nome à casa, frito com mel e pimenta dedo-de-moça, servido com queijo gorgonzola. Um acerto, já que o contraste da doçura do mel e do salgado do queijo minimizam completamente o amargor do jiló.

Amigo da dieta
Aos detratores deste fruto, suas vantagens para a saúde compensam os esforços de deixá-lo mais palatável. Além de barato, o jiló é rico em fibras, vitaminas, potássio e tem pouquíssimas calorias: apenas 27 em 100 gramas do fruto, o que o torna uma boa pedida nas dietas de emagrecimento. E ainda está na época, dá para aproveitar bastante. Conserve na gaveta da geladeira para durar mais.

Como deixar menos amargo?
Prefira os frutos mais jovens, de casca bem verdinha e firme. Cortado em rodelas finas, com casca e tudo, o jiló cru fica menos amargo se assado ou frito. No caso de refogar ou usar em cozidos e outras receitas, corte o jiló em quatro partes, com casca, e deixe-o de molho em água fria com um pouco de vinagre ou limão. Isso contribui para diminuir bem o amargor. Refogado com alho, óleo, gotas de óleo de gergelim e shoyu, fica delicioso e com toque bem oriental.

Assado ou frito?
Os chips de jiló que inspiraram este post podem ser preparados no forno ou na frigideira. Se preferir assar, remova o cabinho e corte o jiló cru, com casca, em fatias bem finas. Coloque as rodelinhas numa assadeira untada com óleo ou azeite, tempere com mais azeite, sal, pimenta moída na hora e ervas frescas ou secas, como orégano, tomilho ou alecrim. Asse em forno médio-alto por 20 a 30 minutos, ou até ficarem bem douradinhos e sequinhos. Pode virar de vez em quando para dourar por igual. Fica uma delícia como acompanhamento de carnes, peixes e aves.

Para fritar, é preciso empanar as fatias antes. Os sócios do Jiló do Periquito dividiram a receita com a gente: para preparar os chips, corte o jiló em fatias finas, como no procedimento citado acima. Tempere com sal e pimenta e passe cada rodela no amido de milho, cuidadosamente. Não é preciso ovo, o amido vai grudar no jiló, que é bem úmido. Frite as fatias em seguida, em óleo bem quente (eles recomendam 180°C), até ficarem bem douradas. Escorra em papel-absorvente e sirva enquanto estiver quentinho e crocante.

Sobre a Autora

Luciana Mastrorosa é apaixonada por escrever, cozinhar e comer. Jornalista especializada em gastronomia e pesquisadora da área de alimentação, passou pelos principais veículos do país. Formada no Le Cordon Bleu Paris e Université de Reims Champagne-Ardenne, atualmente cursa o Mestrado em Nutrição Humana Aplicada, na Universidade de São Paulo. É autora do livro Pingado e Pão na Chapa - Histórias e Receitas de Café da Manhã (editora Memória Visual) e do e-book "Natal Feliz - 30 Receitas Incríveis para a Sua Ceia".

Sobre o Blog

Menu do Dia é o blog de culinária, receitas, gastronomia e nutrição, da jornalista e pesquisadora Luciana Mastrorosa. Aqui, você vai encontrar notícias, reflexões, receitas, degustações e muito mais sobre uma das melhores coisas da vida: comer.