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Charutinhos de folhas recheados são nutritivos e ricos em fibras

Luciana Mastrorosa

12/09/2020 04h00

Crédito: iStock

Em tempos em que o preço do arroz está pela hora da morte, nada como aproveitar esse cereal tão básico de outras formas e em receitas que levam menos deste ingrediente e rendem bem, não é? Para fazer valer ao máximo cada centavo e nutrição.

Pensando nisso, lembrei de algumas receitas muito clássicas e antigas, os charutinhos, que podem ser feitos com folhas de uva, de couve, de acelga e de repolho. São formas interessantes e saborosas de colocar mais vegetais à mesa, e, ainda, aproveitar o arroz no recheio, junto com carnes e outros legumes.

Confesso que fiquei muito influenciada por uma série turca que está passando na Netflix, chamada "Intersection". A trama se desenrola, sempre, em torno da mesa. E uma das personagens é uma senhora que cozinha muitíssimo bem, e prepara seus famosos charutinhos de folha de uva, aos quais ninguém resiste. Fiquei morrendo de vontade!

Por aqui, é mais fácil de encontrar esse preparo em restaurantes árabes, sírios, libaneses… Mas dá para fazer essa maravilha em casa, com o bônus de obter uma refeição nutritiva e repleta de fibras, que ajudam no bom funcionamento intestinal.

Fibras, minerais e um show de vitaminas

Tradicionalmente, o charutinho se faz com a folha da videira, encontrada por aqui em conserva. Essas folhas são ótimas para enrolar as porções com o recheio e contribuem ainda com muitas vitaminas e minerais. São ricas em cálcio, fundamental para manter ossos e dentes saudáveis, além de fornecer magnésio, fósforo, ferro e potássio.

Dentre as vitaminas presentes nesse ingrediente, destacam-se as precursoras da vitamina A, que preservam os olhos e a visão, além da vitamina K, que ajuda na coagulação sanguínea. É fonte de niacina, que atua em diversos processos no organismo, desde equilibrar os níveis de colesterol até manter a saúde do sistema nervoso. Só é preciso tomar cuidado com o alto teor de sódio presente nas folhas em conserva, fervendo as folhas algumas vezes para remover o excesso e ajustando a quantidade de sal no recheio.

Outras folhas podem ser usadas para fazer os charutinhos e também ficam muito saborosas. O repolho, a acelga e a couve têm a vantagem de serem encontradas frescas. Basta branqueá-las em água fervente e em seguida em água fria, para que fiquem maleáveis o suficiente para enrolar os charutos.

Essas três verduras também contribuem com uma boa quantidade de fibras, são baratas, rendem muito e têm uma crocância deliciosa. A acelga, como já comentei por aqui, é pouco calórica, com apenas 21 calorias em 100 gramas, o que favorece aqueles que estão em dietas de emagrecimento. Tem muito potássio, ajudando os que têm hipertensão e também os praticantes de atividades físicas, e contribui com cálcio e fósforo e um pouco de vitamina C.

O repolho e a couve, além de todos os benefícios dos minerais, fibras e vitaminas, também são pouco calóricos e, de quebra, ricos em substâncias que contêm enxofre em sua composição, que exercem efeito protetor sobre os pulmões e ajudam a evitar certos tipos de câncer.

Como preparar os charutinhos de folhas

Como disse mais acima, é preciso que as folhas estejam macias e maleáveis para enrolar os charutinhos. Se usar folhas de uva em conserva, ferva-as por três vezes, em água nova, antes de montar os enroladinhos, isso ajuda a reduzir o teor de sódio também. Se usar as demais folhas, basta branqueá-las em água quente e, depois, fria, para que fiquem molinhas e fáceis de usar.

No recheio, você pode usar arroz cru misturado com carne bovina moída, peito de frango moído, carne de porco magra moída e o que desejar. A proporção de arroz e carne fica ao seu gosto. O importante é temperar tudo muito bem com alho picadinho, suco de limão, sal, pimenta-do-reino, azeite de oliva e, se gostar, pimenta síria, o que lembra ainda mais a cozinha árabe. Pode acrescentar ervas frescas e secas também, além de outros legumes, como cenoura ralada, pedacinhos de pimentão ou tomate, tudo cortado miudinho. Feito isso, basta rechear as folhas e enrolá-las como se fosse um charuto. Se forem folhas maiores, como as de repolho, pode ajudar a manter o formato com palitos de dente ou pedaços de barbante de algodão, que devem ser removidos antes de servir.

Minha mãe costumava fazer os charutinhos de repolho com molho de tomate, bem leve. Mas você pode cozê-los com caldo de carne, de legumes, de aves, etc, até ficarem macios e com o arroz cozido dentro. É um prato muito rico nutricionalmente, trazendo a proteína e gordura da carne e a energia do arroz, além das fibras, vitaminas, minerais e compostos bioativos dos legumes. Eu adoro! Até as crianças curtem, e é uma forma muito fácil de fazê-las comerem mais vegetais, de uma maneira divertida e barata. Pode servir como acompanhamento ou prato principal.

É claro que existem muitas formas e receitas diferentes de servir os charutinhos, das mais clássicas às mais inventivas. O importante é manter essa base e criar de acordo com seu gosto. Aqui tem uma receita tradicional do restaurante Saj, de São Paulo, com folhas de videira e carne bovina.

Ficam ainda mais gostosos se servidos com fatias de pão crocantes, coalhada seca, homus e uma saladinha fresca.

Você gosta de charutinhos de folhas? Costuma prepará-los em casa? Conte para mim! Estou no Instagram, me adicione por lá.

Sobre a Autora

Luciana Mastrorosa é apaixonada por escrever, cozinhar e comer. Jornalista especializada em gastronomia e pesquisadora da área de alimentação, passou pelos principais veículos do país. Formada no Le Cordon Bleu Paris e Université de Reims Champagne-Ardenne, atualmente cursa o Mestrado em Nutrição Humana Aplicada, na Universidade de São Paulo. É autora do livro Pingado e Pão na Chapa - Histórias e Receitas de Café da Manhã (editora Memória Visual) e do e-book "Natal Feliz - 30 Receitas Incríveis para a Sua Ceia".

Sobre o Blog

Menu do Dia é o blog de culinária, receitas, gastronomia e nutrição, da jornalista e pesquisadora Luciana Mastrorosa. Aqui, você vai encontrar notícias, reflexões, receitas, degustações e muito mais sobre uma das melhores coisas da vida: comer.