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Vale a pena substituir o açúcar por adoçantes naturais? Conheça os tipos

Luciana Mastrorosa

16/06/2018 08h00

Crédito: iStock

Mesmo que você não goste de adoçante, ou não precise consumir esse produto por necessidades médicas, ainda assim é importante saber quais são as novidades nessa área. Como o açúcar é o "vilão" da vez, a indústria tem substituído parcial ou totalmente o uso da versão de cana por edulcorantes naturais ou artificiais. Como comentei no post sobre a edição desde ano da Bio Brazil Fair | Natural Tech, fiquei impressionada com a quantidade de snacks, guloseimas e outros alimentos com substituição total ou parcial do açúcar por adoçantes de última geração, como taumatina e xilitol.

Na boca, diferentemente daquele sabor residual metálico e amargo dos primeiros adoçantes, essa nova safra me pareceu mais delicada no paladar, interferindo menos (ou quase nada) no sabor final dos alimentos. Provei, principalmente, geleias, bombons, biscoitos e chocolates elaborados com esses produtos e fiquei surpresa com a qualidade, em termos gastronômicos. Contudo, fiquei me perguntando se realmente é seguro substituir o açúcar e seus derivados, ou mesmo o mel, por produtos altamente industrializados (e caros), como os adoçantes. Será que isso não tem um impacto na saúde a longo prazo?

Pensando nisso, trago aqui alguns dos adoçantes mais novos (e naturais) que encontrei, comentando algumas de suas características. Assim, ao menos você já sabe o que significam palavras como taumatina e eritritol, se encontrar nos itens do supermercado. E pode fazer suas escolhas com mais segurança.

Consumo de adoçantes: qual o limite?

Os edulcorantes ou adoçantes podem ser classificados em artificiais e naturais. Inicialmente, foram criados pela indústria alimentícia como um possível aliado para dietas de emagrecimento – já que, por definição, têm poder de dulçor muito superior ao da sacarose, o açúcar comum, com pouca ou nenhuma caloria – e também para os diabéticos, que devem evitar o consumo de açúcar e derivados.

Antes de serem lançados no mercado, são feitos inúmeros testes para identificação de possíveis efeitos colaterais. Para os adoçantes mais conhecidos, como aspartame e sucralose, existe uma indicação de consumo máximo diário. No Brasil, a Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária – regula o consumo dos edulcorantes, seguindo o que se chama de IDA – Ingestão Diária Aceitável. A IDA é definida pela JECFA, que faz parte da OMS – Organização Mundial de Saúde. Veja a IDA recomendada para os seguintes adoçantes:

Sacarina: 2,5mg/kg de peso do corpo.
Ciclamato: 11mg/kg de peso.
Aspartame: 40mg/kg de peso.
Acessulfame-K: 15mg/kg de peso.
Steviosídeo: 5,5 mg/kg de peso.
Sucralose: 15 mg/kg de peso.

Para outras substâncias, como os poliois (sorbitol, xilitol, manitol, etc.), não há um limite máximo especificado.
Dá para consultar a lista completa no site da OMS, aqui (em inglês).

Existe adoçante natural?

Na tabela acima, o único adoçante natural é o steviosídeo, ou seja, o adoçante da stévia. Os demais são artificiais e já são mais conhecidos do público que utiliza edulcorantes. A sacarina, por exemplo, é um composto orgânico derivado do petróleo. Mesmo a sucralose, que está presente em tantos produtos hoje em dia (muitas vezes, sem a indústria avisar sobre a mudança na fórmula ao consumidor), também é artificial, embora seja derivado da cana-de-açúcar. E, ao contrário do que apregoam as marcas, para mim ela deixa sabor residual, sim.

Mas fato é que a indústria está empenhada em encontrar substituições ao açúcar que sejam mais naturais, sem impacto negativo no organismo e que também tenham sabor agradável. Nessa busca, o primeiro a se encaixar um pouco mais nessas características é a stévia, originária de uma planta chamada Stevia rebaudiana, que já era usada pelos índios guaranis para adoçar bebidas. O senão é que ela deixa um fundinho amargo, não muito agradável para todo mundo.

Polióis e taumatina

Alguns outros edulcorantes naturais, como os polióis, estão se difundindo rapidamente por aqui. O manitol é encontrado naturalmente em vegetais (salsão, cebola, beterraba, azeitonas, figos, cogumelos e algas marinhas) e tem poder adoçante de 0,5 a 0,7 vezes o da sacarose.

O xilitol ou xylitol é um dos que mais tem se destacado no uso industrial para o preparo de doces, snacks, balas e chicletes, mas ainda é caro. E, se consumido em excesso, pode causar desconforto gastrointestinal em pessoas sensíveis. É obtido a partir de cascas de árvores, mas também se encontra em frutas, vegetais e cogumelos. Há estudos investigando uma possível proteção aos dentes com o consumo desse adoçante. Por isso, ele é bastante usado em balas, chicletes e produtos de higiene bucal, além de deixar uma sensação de ligeiro frescor na boca depois do consumo. Tem poder adoçante equivalente ao da sacarose. Em lojas de produtos naturais, já é possível encontrar xilitol para consumir diretamente em bebidas e uso culinário.

Assim como o manitol e o xilitol, o eritritol também é considerado um poliol, ou seja, um carboidrato que não é açúcar. É encontrado naturalmente em alimentos fermentados, como queijos, vinho, cerveja, shoyu, e também em frutas. Seu poder adoçante é de 0,8 vezes o do açúcar.

Por fim, a taumatina é um dos adoçantes que mais tem se destacado na substituição do açúcar em termos industriais. É, na realidade, uma proteína, extraída da fruta Thaumatococcus daniellii, de origem sudanesa. O que chama a atenção é seu poder edulcorante, em média 3000 vezes maior que o do açúcar de cana, praticamente sem sabor residual.

Adoçantes na sua cozinha

Se você tem um problema específico de saúde, ou está em uma fase especial da vida, como a gestação, a recomendação é sempre consultar médico e nutricionista antes de consumir qualquer coisa diferente – e isso inclui os adoçantes.

No caso das crianças, eu ainda prefiro cortar o excesso de açúcar e elaborar receitas menos doces, recorrendo à doçura natural dos alimentos, do que apostar nos edulcorantes. Mesmo com estes novos lançamentos de produtos mais naturais, ainda é algo que, ao meu ver, merece mais estudo e tempo de pesquisa. Mas isso é uma opinião pessoal, por isso vale sempre consultar um profissional de saúde adequado que irá indicar a melhor solução possível.

Para adultos saudáveis, em termos de gastronomia, acho muito válido provar esses novos adoçantes naturais, principalmente em receitas caseiras. Vale a regra de ouro: variedade de ingredientes, sempre. Mesmo o açúcar não é veneno, se consumido com bom senso e moderação.

Você costuma consumir adoçantes? Conte qual o seu preferido e como você utiliza na cozinha. Estou no Facebook e também no Instagram.

Sobre a Autora

Luciana Mastrorosa é apaixonada por escrever, cozinhar e comer. Jornalista especializada em gastronomia e pesquisadora da área de alimentação, passou pelos principais veículos do país. Formada no Le Cordon Bleu Paris e Université de Reims Champagne-Ardenne, atualmente cursa o Mestrado em Nutrição Humana Aplicada, na Universidade de São Paulo. É autora do livro Pingado e Pão na Chapa - Histórias e Receitas de Café da Manhã (editora Memória Visual) e do e-book "Natal Feliz - 30 Receitas Incríveis para a Sua Ceia".

Sobre o Blog

Menu do Dia é o blog de culinária, receitas, gastronomia e nutrição, da jornalista e pesquisadora Luciana Mastrorosa. Aqui, você vai encontrar notícias, reflexões, receitas, degustações e muito mais sobre uma das melhores coisas da vida: comer.