Conheça a salicórnia, a planta que pode substituir o sal de cozinha

Crédito: iStock

Já ouviu falar em salicórnia? Esta planta halófita, ou seja, que nasce em ambientes salinos, é considerada um "sal verde", pois tem um sabor salgado, porém com muito menos sódio que o sal comum (esse teor pode variar de acordo com a salinidade da região em que a planta cresce mas, ainda assim, é bem menor que o do sal de cozinha). A Universidade do Algarve, em Portugal, tem uma dissertação interessante sobre esse assunto, vale ler aqui.

Como se trata de uma planta suculenta, ou seja, de caule crocante e rico em água, a salicórnia é comparada ao aspargo verde e considerada uma iguaria nas cozinhas dos chefs, especialmente na região do Mediterrâneo, onde cresce naturalmente. Por aqui, embora ainda pouco conhecida, essa planta também nasce espontaneamente nas praias e dunas arenosas da costa brasileira, sendo considerada uma PANC – planta alimentícia não convencional, como mostra o livro "Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) no Brasil", de Valdely Ferreira Kinupp e Harri Lorenzi (Instituto Plantarum).

O mais interessante da salicórnia é que ela pode, de fato, ser usada como tempero em substituição ao sal de cozinha em alguma medida, especialmente para quem precisa reduzir ou controlar o seu consumo, como é o caso dos hipertensos. Embora ainda não seja muito difundida no Brasil, já existe à disposição no mercado essa planta nas versões em conserva ou em pó, além de misturadas a outras ervas, formando um mix bom para temperar legumes e carnes.

Além dessa propriedade de acrescentar um leve sabor salgado aos preparos, a salicórnia também possui outras vantagens: é uma planta rica em antioxidantes, minerais (cálcio, potássio e ferro, por exemplo) e vitaminas, como a C e o beta-caroteno, que também atuam como antioxidantes, ajudando a melhorar o funcionamento do organismo como um todo, combatendo o envelhecimento e auxiliando na prevenção do câncer. É ainda um vegetal pobre em calorias e rico em fibras, o que melhora o funcionamento do intestino e pode ser consumido por quem está controlando o peso.

Usos na cozinha

Se morar perto de praias (limpas) e tiver a salicórnia à disposição, você pode também experimentá-la como ingrediente. Pode ser consumida in natura, como petisco (pois é bastante crocante e salgadinha) ou ainda misturada a outros vegetais para uma salada completa. Também fica uma delícia salteada com azeite, alho, cebola e ervas, tanto com carnes variadas como com outros vegetais, como batatas. Se você gosta de picles de pepino, experimente preparar a salicórnia da mesma forma, fica muito saborosa e dura mais tempo (veja como fazer conservas lactofermentadas aqui, ricas em probióticos).

Outra alternativa é preparar o seu próprio sal verde, com mostram Kinupp e Lorenzi no livro que citei acima. Para isso, é preciso ter um desidratador. Depois de lavada e seca, desidrate a salicórnia a uma temperatura entre 40ºC e 45ºC até ficar bem seca e quebradiça. Deixe esfriar e moa em um moinho de faca ou bata no liquidificador, peneirando o pó depois, para ficar mais fino. Com isso, você obtém o sal verde que pode ser usado normalmente para temperar pratos quentes e salgados. Guarde em um recipiente de vidro, bem fechado e longe do sol e da umidade, e terá o sal verde bom para consumo por bastante tempo.

Você já provou a salicórnia ou a usou como tempero? O que achou? Conte para mim! Estou no Facebook e também no Instagram.