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Molho de salada caseiro traz mais nutrição e menos conservantes, aprenda

Luciana Mastrorosa

16/03/2019 04h00

Crédito: iStock

Hoje em dia, existem uma série de soluções práticas industrializadas para facilitar o dia a dia. Esses produtos cumprem sua função, mas muitas vezes vêm acompanhados de conservantes, estabilizantes e corantes. E sabe-se que uma alimentação mais natural e focada em produtos frescos é a melhor opção para quem quer manter a saúde e evitar o desenvolvimento de doenças crônicas não-transmissíveis, como o diabetes e a hipertensão.

Algumas mudanças simples no dia a dia ajudam a aproveitar melhor os alimentos que notoriamente fazem bem à saúde, como ervas, alho e cebola, cítricos, vinagre de boa qualidade, azeite de oliva, etc.

Pensando em facilitar a vida e trazer mais sabor e nutrição para suas saladas e legumes, deixo aqui algumas sugestões de molhos frios caseiros que podem ser preparados com alguma antecedência e conservados em geladeira até a hora de usar. Duram menos que os industrializados, é verdade, mas o ganho em saúde e no paladar compensam. Veja abaixo as sugestões para incrementar suas saladas:

Vinagretes simples

Um dos molhos clássicos da cozinha francesa, difundido pelo mundo todo, é o vinagrete. É diferente do que a gente conhece como vinagrete, aquele que servimos no churrasco, com tomate e cebola. Na versão francesa, esse molho é composto de três partes de gordura para uma de vinagre ou suco de limão, finalizado com sal e pimenta-do-reino moída na hora. É um dos molhos mais básicos e simples de se fazer e dura alguns dias na geladeira, podendo ser usado não apenas para temperar verduras como também legumes cozidos. Minha versão favorita é aquela que combina azeite de oliva, rico em gorduras monossaturadas e polifenóis, que protegem o coração, e suco de limão fresco, fonte de vitamina C, que auxilia contra o envelhecimento. A pimenta-do-reino, especialmente aquela moída na hora, sem misturas, também ajuda a acelerar o metabolismo e uma pitada já basta para melhorar a absorção de outros nutrientes.

O bom do vinagrete é que você pode usar a receita básica e variar os itens, acrescentando outros ingredientes também. Em vez do azeite, use outros tipos de gordura igualmente saudáveis, como o óleo de abacate ou mesmo o de girassol. O abacate, tanto a fruta in natura quanto no óleo extraído dela, é fonte de gordura monossaturada, considerada uma das mais saudáveis para o organismo. O de girassol é extraído das sementes dessa flor e é rico em gordura poli-insaturada, naturalmente sem colesterol e ainda fonte de vitamina E, que também atua como antioxidante. Além disso, tem sabor bem neutro e delicado. Você pode usar um único tipo de gordura ou misturar várias, por exemplo, para trazer sabores diferentes.

O suco de limão pode ser substituído pelo de outra fruta cítrica, como a tangerina e a laranja pera ou baía, acrescentando uma certa doçura ao molho. Além disso, pode também usar o vinagre. O de maçã, artesanal, é uma das melhores opções para a saúde, pois é rico em antioxidantes e probióticos e não contém conservantes. Um bom vinagre de vinho tinto ou mesmo elaborado a partir de outras frutas também apresentam essas vantagens, e cada um deles agrega um sabor diferente ao preparo.

Enriquecendo os molhos

Além de modificar as bases, você pode acrescentar ainda ervas frescas picadas ao vinagrete ou incluir cebola e alho picadinhos. Esses dois temperos, tão comuns na nossa culinária, são itens importantíssimos para ajudar a manter a imunidade em dia e ainda combater inflamações e regular a glicemia. Só não exagere, pois o sabor deles é intenso e o resultado final pode ficar forte demais. Um dente pequeno ou meio dente de alho bem picado já fazem a diferença, assim como um pedaço de cebola. Se achar o sabor deles, crus, forte demais, dê uma ligeira refogada antes de adicionar ao molho, apenas para suavizar o paladar, mas ainda assim mantendo os benefícios nutricionais.

Algumas ervas, como a hortelã, o manjericão, o orégano, o tomilho e a manjerona também ficam ótimas nos molhos de salada. Pode usar a versão seca ou fresca dessas ervas. Em alguns casos, eu prefiro as frescas, que trazem um perfume mais agradável ao preparo, e deixam o molho visualmente mais bonito e atraente. As ervas são ricas em micronutrientes e em compostos bioativos que auxiliam o corpo a combater as inflamações e a evitar doenças cardiovasculares. Outra alternativa bacana é acrescentar especiarias, como a cúrcuma, um dos temperos mais anti-inflamatórios que existem. Além disso, ela agrega sabor e uma bonita cor amarelada, e é um jeito de trazer os benefícios desse rizoma no dia a dia. Pode usar seca, em pó, ou fresca, ralada.

A mostarda de Dijon e o mel também podem entrar na composição do vinagrete básico. A mostarda traz uma certa picância e o molho fica ainda melhor se você remover uma parte do vinagre, pois ela já é ácida. Pode acrescentar um pouquinho de água para deixar mais fluido. Mostarda e mel combinam muito bem com esse tipo de molho, o mel agregando uma suave doçura. Fica tão bom que dá até para consumir com carnes, como frango assado ou grelhado.

Varie nos molhos cremosos

Se a sua praia forem os molhos mais cremosos, como aqueles à base de maionese, há também muitas formas de preparo que enriquecem as saladas e legumes sem conservantes e estabilizantes. A maionese caseira, feita apenas de gema de ovos, gordura, gotas de limão e sal, pode ser utilizada sem problemas. Só é preciso ter cuidado com os ovos, consumi-los crus sempre traz o risco de contaminação por salmonela. Porém, as gotas de limão ou vinagre e o sal ajudam a minimizar esse risco. Mas, sempre que preparar maionese, consuma no mesmo dia e mantenha sempre em geladeira. O consumo de ovos crus não é recomendado para pessoas com alguma debilidade, crianças, gestantes ou idosos.

Para substituir a maionese, pode usar outros tipos de ingredientes cremosos, como o iogurte natural, especialmente o caseiro, rico em probióticos que auxiliam a reforçar a microbiota intestinal, ou mesmo o creme de leite, o tofu macio e o abacate bem maduro. Use esses alimentos como base e misture-os a vinagre, suco de limão, sal, pimenta, ervas e um pouco de azeite ou outra gordura da sua preferência. Se necessário, pode acrescentar um pouquinho de água para deixar o molho mais fluido e não tão ácido. Feito de soja, o tofu é rico em proteínas e contém bastante cálcio e potássio, minerais imprescindíveis para a saúde. É uma alternativa para incrementar os molhos de salada e vegetais para quem segue dietas vegetarianas ou veganas. Batido com azeite, limão, ervas frescas e azeitonas picadas, fica uma delícia para misturar a uma salada com vários itens, como a salada russa, com repolho picado, tomate, cenoura ralada, ou ainda para uma versão vegana de salada de "maionese", com batatas e legumes cozidos. O abacate ou avocado, amassados e batidos, também cumprem bem essa função de maionese vegana e ainda acrescentam fibras, vitaminas, minerais e gorduras boas. Incremente com algum elemento ácido, como sucos de cítricos e vinagre artesanal, e adicione um pouco de água, se necessário.

Aposte em outros itens para salgar

O sal também pode ser substituído por outros ingredientes para trazer sabores e nutrientes variados. Use molho de soja, ou shoyu, para temperar. Também derivado da soja, como o tofu, o shoyu artesanal, sem conservantes nem glutamato monossódico, é um alimento naturalmente salgado e que traz um sabor rico em umami para qualquer preparação. É fonte de probióticos e contribui ainda com cálcio e aminoácidos essenciais ao organismo. Só não vale exagerar, pois é também rico em sódio, o que pode ser um problema para os hipertensos.

Já falei aqui também da salicórnia, uma planta naturalmente salgada que, em pó, pode ser usada em substituição ao sal. É ótima para quem tem pressão alta, pois agrega o sabor salino sem adicionar uma quantidade elevada de sódio.

Outra opção menos comum é o uso da anchova salgada, ou aliche. Basta um pedacinho dissolvida no azeite com vinagre para trazer um sabor marinho intenso. Fica ótimo batido com bastante salsinha e um pedacinho de pimenta fresca, como a dedo-de-moça, sem as sementes, se quiser um resultado menos picante. A salsinha ajuda a desinchar o organismo e é rica em cálcio, enquanto as pimentas aceleraram o metabolismo e auxiliam a digestão.

Como preparar e conservar

Para que seus molhos caseiros durem mais, conserve-os em potes de vidro tampados, pequenos, na geladeira. Eu gosto de usar o mixer, processador ou liquidificador para emulsionar os ingredientes e obter um resultado final bem cremoso e fluido. Na hora de temperar a salada, basta chacoalhar o vidro para obter a emulsão de volta.

Certifique-se de que todos os ingredientes frescos foram muito bem lavados e secos antes de preparar o molho (uma salsinha molhada demais, por exemplo, atrapalhará o sabor final). Além disso, cuide para que o recipiente em que o molho será armazenado esteja impecavelmente limpo e seco, assim o molho dura mais e se conserva melhor.

Você costuma preparar seus molhos de salada? Qual o seu preferido? Conte para mim! Estou no Facebook e também no Instagram.

Sobre a Autora

Luciana Mastrorosa é apaixonada por escrever, cozinhar e comer. Jornalista especializada em gastronomia e pesquisadora da área de alimentação, passou pelos principais veículos do país. Formada no Le Cordon Bleu Paris e Université de Reims Champagne-Ardenne, atualmente cursa o Mestrado em Nutrição Humana Aplicada, na Universidade de São Paulo. É autora do livro Pingado e Pão na Chapa - Histórias e Receitas de Café da Manhã (editora Memória Visual) e do e-book "Natal Feliz - 30 Receitas Incríveis para a Sua Ceia".

Sobre o Blog

Menu do Dia é o blog de culinária, receitas, gastronomia e nutrição, da jornalista e pesquisadora Luciana Mastrorosa. Aqui, você vai encontrar notícias, reflexões, receitas, degustações e muito mais sobre uma das melhores coisas da vida: comer.